sábado, 27 de novembro de 2010

Rosângela e a História do Brasil

Jornal do Povo, Cachoeira do Sul-RS. edição de 27/11/2010


Ela morreu em novembro de 2010, aos 14 anos, estudando,  na favela em que vivia com a família


Com medo de bala perdida, mães correm de mãos dadas aos filhos rumo à escola | Foto: Alexandre Vieira / Agência O Dia

por Leandro Cruz
Gente de monte, como formiguinhas, deixando suas casas rumo a campos de refugiados (escolas e quadras). Gente correndo. Gente com medo. Gente chorando. Gente morrendo. Gente empolgada com o espetáculo. Gente angustiada. Tinha também helicópteros. Blindados. A Marinha participando da ocupação de um bairro da  Antiga Capital. Rio, a um mês do Natal de 2010 d.C.
Foto do século XIX mostra africanos que continuavam
a ser traficados pelos brancos para trabalharem
como escravos no Brasil; a Marinha fazia vista grossa
Num canal da TV debatem os impactos da crise para a economia. Estão preocupados com o dinheiro que os patrões não ganharam porque nessa quinta-feira muitos trabalhadores não compareceram no emprego. Falam das bolsas, da imagem do país lá fora. O outro canal mostra horas e horas contínuas de transmissão ao vivo, como se tudo não passasse de um Counter Strike real, só que narrado por algum apresentador mais empolgado que o Galvão Bueno.
Numa matéria curta, citam o nome de Rosângela Alves, uma menina de 14 anos que foi morta dentro de casa. Ela estava estudando... Ela nem viu sua "hora da estrela".  A nota sobre as pessoas tem poucos segundos. Logo entram os comerciais.
Família de Rosângela Alves Barbosa, 14 anos,
 morta durante ocupação da Vila Cruzeiro
A TV repete pela boca dos anunciantes e das autoridades: continuem trabalhando e consumindo normalmente. Volta a imagem de helicóptero. Corta aqui. Corta ali. "Olha ali na laje: os bandidos!". Entra uma matéria de "recapitulação" em que o repórter diz: "O confronto entre as forças do Estado e os bandidos no Rio começou na última semana, quando integrantes de facções criminosas iniciaram uma série de ataques a batalhões da Polícia, além de atos de terror como o incêndio de dezenas de carros pela cidade".
Acho bem estranho essa cobertura. Quando há guerra em outros países, em lugares distantes, a mídia acaba mostrando, pelo menos um pouco, as raízes históricas do conflito. Durante a segunda intifada, por exemplo, falaram, ainda que de passagem, do significado da Mesquita de Al Aqsa, do Plano de Partilha da ONU, da Guerra dos Seis Dias e da do Dia do Perdão. Em programas mais aprofundados, falaram de como os romanos destruíram Jerusalám, do Holocausto e, de passagem, do Sionismo.
Eu não consigo entender uma coisa: quando a guerra é aqui no Brasil, o retrospecto começa a partir da semana passada. Como se tudo tivesse começando agora. Meu pensamento volta para Rosângela. A foto dela apareceu na TV por menos de cinco segundos. Disseram que, quando a bala atravessou seu peito, ela estava estudando. Não deram detalhes. Penso: “Será que ela estava estudando História?”. Será que deu tempo de ela chegar até que parte? Será que ela entendeu onde estava inserida historicamente antes de morrer. Será que ela leu sobre como seus ancestrais vieram parar no Brasil?
Bonde é tombado pela população pobre do rio de Janeiro na
chamada "Revolta da vacina" em 1904; Na época os governos
 do presidente  Rodrigues Alves e do prefeito Pereira Passos
 mandou destruir bairros inteiros em que viviam descendentes
 de escravos e vacinavam os desalojados à força; os desabrigados
migraram em massa para os morros, onde construíram
 barracos, que, de provisórios viraram permanentes
Será que ela chegou na parte em que a herdeira do trono libertou os escravos e começava a traçar um plano de reforma agrária para assentar os ex-cativos, mas aí veio o Exército a serviço dos “donos” de terra e dinheiro (ex-donos das pessoas pretas), no novembro de 1889, e botou a princesa pra correr com seu pai e suas ideias? Será que ela chegou na parte que Exército e ricos, se revezando no poder, começaram importar pobres de outras partes do mundo para trabalhar, deixando os ex-escravos e sua descendência sem espaço no sistema produtivo dominante? Será que ela chegou na parte em que esses negros, sem terem para onde ir, foram tentar achar um canto na capital da República recém-declarada e aí acabaram se amontoando em casas e até estrebarias chamadas de cortiço? Será que ela chegou na parte do governo Rodrigues Alves e da reforma urbana do Rio, que demoliu os cortiços e levou seus ex-moradores a construírem barracos nos morros no começo do século passado?
Será que, antes de Rosângela ser morta, ela aprendeu sobre um certo presidente vindo do Sul que discursou na cidade dela, falando de redistribuição de riqueza e dos meios de produção (igual planejava a princesinha), mas aí vieram o Exército e os donos da riqueza e derrubaram o cara? Ela devia ser uma menina esforçada. Estava estudando enquanto acontecia um tiroteio. Será que era para mudar as coisas no lugar onde vivia? Será que era pra sair dali? O fato é que, se ela continuasse estudando, poderia juntar as partes do quebra-cabeça.
Muitos dos meninos da idade dela não entenderam a história e pegaram em armas sem entender de onde vem o tiro. Os soldados do morro morrem cedo. Muitos não chegam aos 20 anos ou na página 20 do livro de história. Pegam em armas para inserir-se na lógica econômica do mundo em que vivemos. Pegam em armas por seus patrões, os traficantes, que na verdade são agora só mais um grupo de capitalistas dentro desse sistema econômico, mas fora da legalidade. Então eles pegam em armas para terem dinheiro, comida, drogas, tênis importado, MP3, a admiração das pessoas. Enfim, os marginalizados que não entenderam a história só querem ser burgueses, pois eles não chegaram até a página ou o dia em que entenderiam de onde vem o tiro.
Como agora vão dizer que o problema é simplesmente a droga, disseram que o problema 100 anos atrás era simplesmente a vacina. Penso que, ainda que tivesse tido tempo de ler o livro todo, Rosângela não encontraria uma página falando de quando o Exército e os donos da riqueza, que haviam derrubado a tal ideia da redistribuição mais uma vez, começaram a mandar passadores de maconha, ladrões, assaltantes e vendedores de Rolex (contrabandeados, falsificados ou roubados), 
Cena do filme Quase Dois Irmãos, de Lúcia Murat, mostra
 a convivência entre presos políticos e presos comuns
no Presídio da Ilha Grande.  A organizaçãodos estudantes
 de esquerda inspirou os presos comuns a se organizarem e
exigirem seus direitos dentro das prisões onde eram torturados,
 nascia  a Falange Vermelha, que mais tarde sairia para as ruas
 e atuaria, sem fins políticos, como a maior organização criminosa
 do Rio, o Comando Vermelho
quase todos pretos, para o presídio da Ilha Grande. Não é que arrancaram a página, é que simplesmente não devia estar no livro, porque não cai no Enem que na Ilha Grande eles foram torturados. Mas aí - também não devia dizer o livro - os presos comuns aprenderam com os presos políticos a se organizarem, se unirem, terem um caixa comum, fazerem ações coletivas e colaborativas.
A Ilha Grande foi uma escola - de estratégia de guerrilha e organização. Mas pelo jeito não ensinaram a história. Erro fatal dos presos políticos. Num raro encontro entre intelectuais e miseráveis, não lecionaram de onde vinha o tiro. Será que Rosângela, morta na última quinta, aos 14 anos, durante a tomada pelos militares da favela em que morava, chegou na página que falava da volta da democracia nos anos 80? Se chegou, pode não ter entendido que os donos das coisas só deixaram eleições aconteceram quando viram que dava pra continuar no poder simplesmente não contando a história toda na TV, nem deixando as pessoas aprenderem estudando.
Deu tempo de Rosângela entender onde ela estava na história? Deu tempo de ela entender que não existe bala perdida, que todas vieram de algum lugar... De algum lugar do passado? Sei que não deu tempo de ela ler no jornal as autoridades declarando “Vila Cruzeiro agora é do Estado”. E não deu tempo de ela levantar a mão e perguntar: “Professora, de quem é o Estado?”.

domingo, 21 de novembro de 2010

A dinastia do Espártaco Negro

Esse texto eu publiquei na coluna Viagem no Tempo do dia 20/11/2010, Dia da Consciência Negra, no  Jornal do Povo (Rio Grande do Sul). Fala de partes da História que não são muito tocadas no "roteiro" das escolas brasileiras.

Reprodução de imagens do livro Zumbi dos Palmares, feita pelo artista dos quadrinhos  Wamberto Nicomedes mostra resistência quilombola em Palmares
A jovem princesa Aquautune era uma valorosa guerreira. Em 1665, quando os portugueses entraram em guerra contra seu pai, o rei do Congo, ela quis ir para o campo de batalha e comandou 10 mil homens. A batalha foi dura. Não deixe o preconceito fazer pensar que os africanos lutavam nus com lanças de madeira. Não, eles tinham proteções corporais e armas de metal. Os arqueiros congoleses eram a artilharia mais poderosa dos exércitos africano, mas os portugueses vinham com as mais poderosas armas de fogo da época e com mercenários norte-americanos e brasileiros. Manikongo, o soberano, foi morto e sua filha, a princesa Aquautune, foi escravizada e levada ao Brasil para trabalhar na produção de açúcar.
Quadro Princesa Africana, do belga Floris Jespers,
mostra belezaa da princesa do Congo, Aqualtune
Uma princesa guerreira escrava? Isso não poderia durar muito tempo, ela tinha um espírito forte. Fugiu e foi viver na Serra da Barriga, no atual estado das Alagoas. Naquela serra outros negros fugidos formavam aldeias, os mocambos ou quilombos. Eram comunidades autônomas, onde os moradores plantavam, caçavam, pescavam. Num ambiente geográfico bastante diferente daquele que conheciam, tiveram que aprender a viver na mata. Conheciam a metalurgia, e isso é importante quando existe demanda por arados e lâminas. Começavam um verdadeiro modelo alternativo de civilização. Um modelo sustentável.

Os vários mocambos da Serra se uniram numa espécie de confederação quilombola, que ficou conhecida como o Quilombo dos Palmares. Palmares chegou a ocupar uma área maior que a de Portugal, tinha núcleos populacionais de até 8 mil habitantes. A população total de Palmares variava bastante, mas pode ter chegado a mais de 40 mil pessoas em determinadas épocas.
Na época de Aquautune, os portugueses em território brasileiro enfrentavam os holandeses, que queriam tomar o Nordeste. A instabilidade da época fragilizou a segurança dos engenhos e as fugas de escravos estavam em alta. Palmares crescia. Os holandeses tentaram, tentaram, tentaram... Mas os liderados da princesa resistiram.
Depois de finalmente botarem os holandeses pra correr, os portugueses partiram pra cima do reino de Palmares. Foram várias as incursões portuguesas. A violência era enorme. Numa das invasões, um neto da princesa de 6 anos de idade, nascido no quilombo, é raptado e dado ao padre Antônio Melo, que o batiza com o nome de Francisco. Até os 15 anos ele foi coroinha, aprendeu o português e o latim, estudou. Na Bíblia leu história de homens que lutavam contra a escravidão de seu povo.
Cartaz de filme do cineasta Cacá Diegues, sobre o antecessor de Zumbi
Ele tinha comida, casa... Mas algo o incomodava, algo que o fazia não se sentir livre. Pode ter sido a cor da sua pele, que continuaria negra, portanto, alvo de descriminação, mesmo que estivesse abrigado pelos brancos e pela mais forte de suas instituições. Ou então eram os gritos dos ancestrais, gritando de dentro das veias, chamando-o à luta. Então ele fugiu...
Voltou a Palmares, onde seu tio, Ganga Zumba, acabara de emergir como líder. Francisco tinha 15 anos quando voltou a usar seu nome original: Zumbi. Guerreiro valoroso, era admirado pela coragem, pela capacidade enquanto estrategista e pela habilidade na luta, a capoeira primitiva. Zumba fortalecera o quilombo, era muito bom nas táticas de guerrilha, o que levou os portugueses a tentarem um acordo. As autoridades brancas ofereceram liberdade para os negros de Palmares, desde que eles reconhecessem a autoridade real e se mudassem para um outro lugar, um assentamento onde poderiam viver em paz.
Os portugueses haviam desistido de recuperar os escravos de Palmares para reestruturar o negócio do açúcar (abalado pelas invasões holandesas). Sabiam que Palmares havia se tornado um símbolo, que poderia inspirar outros negros, questionar o sistema de colonização monocultor escravista. A paz com Palmares para os portugueses era uma espécie de “vão-se os anéis, ficam os dedos”. Até mesmo brancos, judeus principalmente, começavam a fugir para o quilombo.
Zumba aceita. Toma a paz como uma vitória. A comunidade se divide, mas a grande maioria queria continuar lutando. Por que só eles poderiam ser livres? Zumbi era um dos que queria continuar a luta, continuar entrando nas fazendas e libertando mais e mais negros. Era a consciência negra.
Capa de versão em quadrinhos sobre o guerreiro negro
 lançado em 2002 pela Editora Fluminense, com roteiro
 de Antonio Krisnas e desenhos de Allan Alex 
Zumba morre envenenado (provavelmente por opositores, mas cogita-se também o suicídio, o que é menos provável). Os líderes dos mocambos de Palmares aclamam Zumbi como o novo líder.
A guerra dos Palmares continua. Os portugueses e jagunços não dão conta, então chamam um dos assassinos mais famosos da América Portuguesa, o bandeirante Domingos Jorge Velho, um mercenário que fez a vida aprisionando índios e pilhando povoados. A luta foi dura. Os negros do quilombo eram muito mais preparados militarmente que os índios que o assassino paulista havia enfrentado.
Tortura e chantagem. Só assim Domingos poderia por as mãos em Zumbi. A promessa de liberdade em troca da informação sobre o esconderijo de Zumbi fez um quilombola entregar seu líder. Ele resistiu até o último instante. Mesmo emboscado, como um leão africano, lutou. Morreu como um homem livre no dia 20 de novembro de 1695. Foi decaptado e teve a cabeça exposta em praça pública para desencorajar os negros.
Não deu certo, Palmares ainda resistiu, mas sem um líder com a inteligência e determinação de Zumbi não pode articular a luta contra a desproporção bélica dos portugueses e mercenários paulistas, truculentos, que deixavam um rastro de fumaça e sangue... Mas Zumbi continua inspirando o povo negro e os oprimidos em geral. Seu exemplo ensina a não se conformar com pouco, nem com paz aparente, mas a buscar a liberdade plena.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

A Redenção de Isabel

Em 15 de Novembro de 1889, militares aliados a grandes proprietários de terra davam um golpe de Estado, para impedir os planos de reforma agrária e justiça social da herdeira do trono.

A Princesa Isabel foi a primeira mulher a ocupar uma
vaga noSenado. Não fosse o golpe de novembro de
1989, teria sido a primeira mulher a governar o País
Isabel Cristina Leopoldina Augusta Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bragança e Bourbon, a Princesa Isabel, aboliu a escravidão numa canetada no dia 13 de maio de 1888. Heroína por um tempo, a princesinha, já morta e enterrada, caiu em desgraça com um precipitado revisionismo histórico propagandeado por setores do movimento negro.

Os revisionistas transformaram Isabel de mocinha em bandida quando questionaram a amplitude da Lei Áurea, que libertou os escravos, mas que supostamente os teria deixado entregues à própria sorte, sem indenização pelos anos de trabalho não-remunerado, sem casa, sem terra e sem emprego. Contudo, novos estudos estão reabilitando Isabel Cristina Leopoldina etc, etc, etc, e ao que tudo indica a herdeira do trono imperial brasileiro era muito mais progressista do que se imaginava: defendia o voto feminino e queria promover a reforma agrária.

O historiador Eduardo Silva, da Fundação Casa de Rui Barbosa, teve acesso a documentos inéditos, como cartas da princesa endereçadas a proprietários de terra. Antes da Lei Áurea a princesa gastava boa parte de seu dinheiro comprando escravos (mas não era para explorá-los e sim para libertá-los). Após a assinatura ela pretendia comprar terras para assentar os recém-libertos, não descartando inclusive contrair empréstimos do Banco Mauá para distribuir pedaços de chão a todos os ex-escravos. Como eram muitos os negros, Isabel tentou até conseguir doações de terra e dinheiro para promover essa reforma agrária.
Debret retratou a escravidão oficializada no Brasil, abolida em
1888 por Isabel, que seria coroada rainha em no máximo 4 anos.

Com os fundos doados pelo senhor teremos oportunidade de colocar estes ex-escravos, agora livres, afrodescendentes em terras próprias trabalhando na agricultura e na pecuária e delas tirando seus próprios proventos”, escreveu no dia 11 de agosto de 1889 em missiva endereçada ao Visconde de Santa Vitória.

A filha de Dom Pedro II não teve tempo de concretizar seus planos, uma vez que pouco mais de três meses após o envio dessa carta ao visconde, isto é, no dia 15 de novembro de 1889, um grupo de militares promoveria um golpe de Estado, proclamando uma república ditatorial e expulsando a família real do Brasil, incluindo a princesa e o Imperador, que haviam nascido em solo brasileiro (e não português).
Os militares, aliados aos grandes proprietários de terra, estavam possessos com a libertação dos escravos e não aceitavam a idéia de que uma mulher (Isabel) se tornasse governante do país, como ocorreria dali a quatro anos, quando Dom Pedro II (já velhinho) abdicaria em seu favor, ou antes, caso o imperador viesse a morrer (como de fato veio a morrer dois anos depois).
A questão era agravada pelo fato de a futura imperatriz, que já havia ocupado o comando da Nação provisoriamente em algumas ocasiões (ela assumia a regência do império na ausência do pai, por viagem ou doença), ter aproveitado essas oportunidades aprovando a Lei do Ventre Livre e posteriormente a Lei Áurea.

De fato, a república proclamada pelo Marechal Deodoro da Fonseca não consolidou a democracia, uma vez que num primeiro momento só militares assumiam a chefia do Executivo e, depois, só os homens (os do sexo masculino mesmo) muito ricos (muito mesmo) podiam votar e ser votados. Ao longo de nossa história republicana houve ainda inúmeros golpes de Estado e ditaduras. Apenas muito recentemente é que iniciamos um processo de consolidação da democracia.

Os ex-donos de escravos queriam ser indenizados pela perda de sua “propriedade”, mas as cartas da princesa demonstravam que a intenção dela era indenizar não a eles, mas sim aos escravos (pelos quatro séculos de trabalho sem pagamento acompanhados de lesões corporais e morais). Esse foi certamente um dos principais motivos para que aqueles que estavam no topo da pirâmide resolvessem dar fim à monarquia, antes que ela se tornasse mais progressista e democrátia que seu projeto de república fajuta.

O brasileiro Dom Pedro II, governou o Brasil por 50 anos,
tempo de estabilidade e progresso sem precedentes.
Sua filha, Isabel, pretendia fazer um governo ainda mais
progressista socialmente. Ambos foram expulsos do País
Isabel foi a primeira senadora Império do Brasil. A Constituição da Independência garantia vaga ao herdeiro do trono tão logo ele completasse 25 anos. Calhou de uma neta e não um neto de Pedro I ser privilegiada com essa lei. Alí, os senadores viam a única mulher da casa usando camélias no vestido. Camélias só eram cultivadas no Quilombo do Leblon. O Quilombo do Leblon, era um Quilombo diferente. Em vez de uma comunidade de forros escondida na mata, o do Leblon era próximo ao centro urbano, e era frequentado por abolicionistas de origem aristocrática, como a própria herdeira. Tratava-se da propriedade do abolicionista português José de Seixas Magalhães, apaixonado por camélias.

Não questiono o 20 de Novembro (Dia da Consciência Negra). Mas não tenho dúvida de que o 13 de maio (Abolição) é mais valoroso e alinhado aos valores humanos e democráticos que o 15 de Novembro, feriado do golpe da Proclamação da República. As dívidas com os negros até hoje não foram pagas e a estrutura fundiária brasileira permanece inalterada, como herança maldita de nosso passado escravista. Nascemos numa República, que já tem mais de um século, mas o trabalho histórico para a construção de uma sociedade justa e democrática está longe de terminar.

sábado, 13 de novembro de 2010

"Casseta e Planeta" israelense zoando Lula e o Brasil

Latma News, um programa de humor político da TV israelense, fez uma "homenagem" ao Brasil. O programa que simula um telejornal ilustra bem a visão da direita sionista sobre a aproximação política e comercial do governo brasileiro com o Irã. Mostra também a visão preconceituosa e estereotipada que boa parte do mundo têm do Brasil.
Ofendido eu não fiquei nenhum pouco. Acho que as pessoas têm o direito de fazer as piadas que quiserem, ainda que equivocadas.
Tudo bem que esse cara nem parece o Lula (o Ehud Barak fake é que fala igual o Lula) e a gente também não usa essas maracas de salsa em nossas músicas. O único problema é que se eu contasse a piada do Jacó e do Jacózinho eu seria chamado de facista e teria de responder judicialmente.
E você o que achou do Casseta Sionista?